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Curso de democracia da AFBNDES

VÍNCULO 1464 – Em retrospecto, fica claro que quando os atuais administradores assumiram o BNDES, eles se imaginaram como Dom João VI em 1808 ao assumir o Brasil. O treino desses executivos no mercado financeiro aparentemente os preparou para uma administração monárquica e despótica.

Depois que foram criticados em editorial do VÍNCULO, se recusaram a nos receber. Depois que foram questionados sobre a liquidação das ações da BNDESPAR, resolveram destituir os questionadores e acharam que não deviam nenhuma satisfação ao corpo funcional. Depois que foram questionados pelas devoluções aceleradas de recursos ao Tesouro e sem defesa institucional, houve novas destituições e nada de explicações.

Depois que foram denunciados na imprensa por seus atos, mais ameaça e intimidação. Depois que demitiram atropelando a ampla defesa e o contraditório, acharam que todos iriam se enquadrar e se submeter. Depois de tentarem impedir candidatura e o resultado das eleições para o CA, acharam que com argumentos “estapafúrdios, inidôneos e pueris” iriam prevalecer.

Depois que tentaram destruir a AFBNDES e acabar com a estabilidade dos empregados do BNDES, acharam que iriam fazê-los aprovar essas medidas porque tomaram os yesmen de plantão representativos da grande maioria do corpo funcional de um dos melhores bancos de desenvolvimento do mundo (Que sabem e tem muito orgulho disso!).

Agora negam a demanda dos empregados por trabalho híbrido e não topam negociar as condições de retorno.

Todas as decisões autocráticas e antiBNDES que foram tomadas por essa diretoria e puderam ser submetidas à Justiça foram contrariadas. O regime, para seu desgosto, é democrático e republicano. O golpe ainda não rolou, e cada dia está mais longe.

O desgoverno destruidor de instituições encontrou uma que está para fazer 70 anos de história e não abaixa a cabeça.

Será que já entenderam que precisam realmente negociar com os empregados do BNDES?!

De quem é a responsabilidade pela proposta do Sistema de Pontos?

O Sistema de Pontos é um consenso: ninguém no BNDES, além dos responsáveis por sua formulação, parece defender a nova forma de avaliação dos empregados da instituição.

Depois de meses sendo apresentado e discutido com gestores e empregados, o Sistema de Pontos acabou por reunir mais inimigos do que na apresentação original. E olha que a impressão inicial já não havia sido muito boa.

Há, no caso, resistência burocrática ou defesa do trabalho realizado no BNDES?

E o que argumentam seus proponentes para defender o Sistema? 

Dizem que havia insatisfação com as metodologias anteriores. As metodologias de promoção estavam entre os itens mais criticados nos processos de RH. 

Argumentam ainda que precisam ajudar os que têm mal desempenho, mas que não eram revelados nas metodologias de avaliação anteriores.

Sobre esse último ponto, parece que o RH quer nos fazer crer que ao não dar notas baixas para alguns empregados, os gestores estão sendo paternalistas e impedindo que o RH identifique o pessoal mal aproveitado. Num processo de estabelecimento de avaliação mais objetivo, os colegas com mau desempenho seriam identificados e seriam ‘ajudados’ pelo RH. 

As histórias são bonitas, quase inspiradoras, pena que os argumentos não sejam nada convincentes.

Vejamos.

O fato de que a opinião sobre os métodos de avaliação e promoção anteriores não era boa, não significa que o método proposto se justifica. Não sem antes responder: em que medida o atual método resolve as insatisfações apresentadas pelos métodos anteriores? Em particular, tratando da questão mais fundamental e mais repudiada do sistema de pontos, a curva forçada, é honesto dizer que alguém sugeriu esse método no passado? As queixas sobre os sistemas anteriores eram de que eles não consideravam um mecanismo de curva forçada?

Quem pode defender isso? 

Esse tema nos leva à resposta da pergunta presente no título da segunda parte desse editorial. É claro que a demanda por um método de curva forçada não nasceu no seio dos empregados ou gestores do Banco. A curva forçada é produto da insatisfação da diretoria com os métodos anteriores de avaliação. Ela é uma resposta a insatisfações não do corpo funcional, mas da administração.

A diretoria não gostava da assimetria expressa em avaliações positivas não correspondidas em mesma quantidade por avaliações negativas. E estabelecer a simetria era precisamente a demanda da atual diretoria. O que queriam era exatamente algum método que gerasse a curva forçada. Podem ter encontrado no RH uma equipe de benedenses convictos da justeza e da adequação de um método como esse, mas a demanda original tem a marca registrada de mais uma “desorientação” (orientação equivocada e alienada) da atual diretoria do BNDES. Eles não sabem nada sobre o Banco, mas querem deixar sua marca revolucionária (contrarrevolucionária ou de ‘terra arrasada’ são termos mais adequados).

Como resultado de mais uma desorientação, estamos caminhando para aplicar um método de avaliação ultrapassado, inadequado ao trabalho realizado no BNDES e da forma mais açodada possível. Na verdade, é também marca registrada dessa diretoria a combinação de medidas ousadas (e atrevidas, desrespeitosas com o corpo funcional) com o amadorismo, com a falta de elaboração de projetos bem pensados.

Associação dos
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