VÍNCULO 1401 – “Tem gente que só compreende a brasa quando ela entranha nas profundezas da carne” – Chico Buarque, “Fazenda Modelo”, citado em “Introdução ao Fascismo”, de Leandro Konder, 1977.
Muita gente não compreendeu a diretoria da AFBNDES quando altivamente saímos em defesa dos empregados do Banco ao longo dos últimos anos. Não estaríamos aqui se esta fosse a posição majoritária, é claro. Isso não impediu, no entanto, conselhos de supostos sábios que tentaram nos convencer que deveríamos tolerar arbítrios de forma a evitar conflitos.
O problema é que ninguém está livre da ameaça de uma administração autoritária. Se é verdade que nem todos serão prejudicados, é verdade também que qualquer um pode ser. Fazem diferença realmente essas alternativas?
Quando um colega é demitido sem direito à ampla defesa e ao contraditório não devemos reagir com a sabedoria covarde do tipo: “mas ele também deu mole…”.
Quando superintendentes são sistematicamente afastados por apresentarem discordâncias de procedimentos em relação aos propostos pela diretoria, os empregados – e principalmente os demais superintendentes – não deveriam reagir com a mesma covardia.
Quando uma chefe de departamento é destituída de seu cargo com base em calúnias; quando colegas são censurados por manifestarem opiniões pessoais sobre economia ou a atuação do BNDES por meio da imprensa; quando um presidente emite sistematicamente declarações ambíguas a respeito de acusações vazias de corrupção contra a instituição que ele tem por obrigação defender – para simplesmente garantir seu cargo; quando veta o apoio do Banco a causas sensíveis como a produção de testes para combater uma pandemia devastadora; quando uma diretoria cria normas para cercear a participação de determinado grupo na eleição para o Conselho de Administração do Banco; quando uma diretoria se recusa a explicar sua política de venda de participações da BNDESPar; quando a direção acaba com a tradição de décadas de convocar empregados de carreira para ocupar cargos na diretoria…
Quando essas coisas acontecem, a gente não reage com a falsa sabedoria da covardia. Embora individualmente seja a opção mais fácil, coletivamente ela é destruidora.
É claro que quem faz tudo isso não vai propor negociação sobre temas como o PDV. É claro que quem faz tudo isso vai tentar te assustar para que não vote em quem está lutando para te defender. E é claro que vai ficar indignado com quem diz direta e objetivamente: vocês são truculentos, vocês não respeitam esta Casa. Ficará indignado com quem pergunta o óbvio: vocês não conversam por que não tem o que dizer? Por que não tem como explicar? Por que não sabem o que estão fazendo?
É claro que quem faz tudo isso vai ter que ser pressionado a começar logo a negociação do ACT 2020. Nosso Acordo vence em 31 de agosto.
Vamos começar a propor, o quanto antes, a negociação do ACT com a administração do Banco. Para isso estamos programando assembleia geral de aprovação da Pauta de Reivindicações para a próxima sexta-feira (24). Nossa proposta: renovação das cláusulas do Acordo atual, mais as cláusulas econômicas que resultarem da negociação da categoria bancária na Mesa Fenaban. Teletrabalho e Plano de Saúde: negociações separadas.
Precisamos de todos vocês nessa assembleia virtual. Nós somos um coletivo, um grupo. A verdadeira sabedoria é: não vou vacilar com meus colegas, vou defender minha carreira e a instituição a que pertenço. Eu sou o que sou porque faço parte desse time chamado BNDES.