Este é o tema da edição de julho do Jornal dos Economistas, publicado pelo Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ).
Respondendo ao questionamento, Georges Flexor e Karina Kato, da UFRRJ, avaliam que sim, se considerarmos a competitividade internacional, crescimento do PIB e tecnologia. Mas não, porque contribui para a fome ao elevar os preços internos dos alimentos e provoca desigualdade e conflitos fundiários, desmatamento e perda da biodiversidade.
Maria Lucia Falcón, ex-presidente do Incra, destaca que os dois modelos – o agronegócio exportador e a agricultura familiar – têm uma agenda comum de interesses: a adoção de inovações tecnológicas disruptivas.
Flavio Bolliger, aposentado do IBGE, questiona se o debate a respeito do agronegócio está fora de foco. O aperfeiçoamento do modelo pode ser alcançado por ações para contra-arrestar a concentração de terras, coibir o trabalho degradante, apoiar a pequena agricultura e estimular o associativismo.
Carlos Guedes de Guedes, analista do Incra, aponta que a valorização do preço da terra – que aumentou em média 40% em 2022 – e a apropriação e transformação de regimes de reprodução socioeconômica simples por um esquema industrial conectado ao mercado financeiro estão ampliando a distância entre o agro e a agricultura familiar.
Gabriela Podcameni e Cecília Lustosa, da RedeSist/UFRJ, acreditam que o Brasil pode se tornar líder na produção de alimentos e práticas agropecuárias saudáveis, se investir em inovações e tecnologias para a transição ecológica. A Embrapa e a pressão do mercado internacional são fatores fundamentais para a transição.
Gustavo Souto de Noronha, diretor do Incra, enfatiza que a reconstrução do Brasil passa por um pacto nacional pela reforma agrária agroecológica e popular, capaz de garantir a segurança alimentar e auxiliar no enfrentamento das mudanças climáticas. “Se o campo não planta, a cidade não janta”, enfatiza.
Carlos Eduardo Young, do IE/UFRJ, ressalta que diversificar, entender, adaptar e proteger o meio ambiente são formas muito mais inteligentes e eficientes para uma agricultura sustentável inserida na complexa realidade de um planeta com riscos ambientais crescentes.
Marina do MST, deputada estadual, afirma que o agronegócio é insustentável ambiental, social e economicamente. Tem como características a monocultura, financeirização e intenso uso de agrotóxicos e transgênicos; expulsa trabalhadores do campo e os contamina; não traz desenvolvimento para os territórios; e destrói o meio ambiente. A reforma agrária é pop, de popular, sustenta.
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