VÍNCULO 1597 – Durante o 34º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, os economistas Juliane Furno e Gustavo Cavarzan criticaram o pensamento econômico convencional que sugere que a participação dos bancos públicos prejudica o desenvolvimento do país: “Com dados contundentes, os economistas destacaram o papel fundamental dos bancos públicos em setores-chave da economia, como habitação, agricultura e indústria”. Segundo cobertura da Contraf-CUT, Furno e Cavarzan ressaltaram que, sem o apoio dessas instituições, tais setores teriam menos acesso a recursos para investimentos, o que aprofundaria ainda mais as desigualdades regionais do país.
“A cientista social, economista e doutora em Desenvolvimento Econômico pela UERJ, Juliane Furno, que também é assessora da diretoria do BNDES, desconstruiu mitos do neoliberalismo que persistem no Brasil. Ela destacou que, apesar da retórica de que o Estado prejudica o mercado, na realidade, é o Estado que fortalece o sistema econômico, garantindo condições para o desenvolvimento e impactando diretamente na vida da população e na soberania nacional”, destaca a reportagem.
Segundo Gustavo Cavarzan , “entre as críticas frequentemente apresentadas pelo viés do pensamento econômico convencional está a de que a participação dos bancos públicos atrapalha o cumprimento da meta de inflação, a ‘eficiência’ na alocação de recursos e a harmonia entre as políticas monetária e fiscal. E que somente o livre mercado é capaz de garantir esta alocação eficiente. Mas não é o que ocorre na prática”. Cavarzan atua na subseção do Dieese na Contraf-CUT. Ao contrário dos bancos públicos, “os bancos privados tendem a concentrar suas operações de crédito nas regiões mais dinâmicas, porque priorizam retornos rápidos e menos arriscados”, completou o economista.
Para Gustavo Cavarzan, os bancos públicos são ferramentas importantes para atuar em áreas de pouco interesse para o setor privado. “E, dessa forma, atenuar as desigualdades regionais, historicamente existentes”, reforçou o economista. “Enquanto que os bancos privados acabam contribuindo para a reprodução das desigualdades, quando priorizam regiões geográficas, faixas de renda, setores e atividades que apresentam os maiores e mais rápidos resultados”, completou.
Bancos públicos e política econômica
Para Juliane Furno e Gustavo Cavarzan, a atuação dos bancos públicos deve estar atrelada à política econômica:
– No combate ao desemprego e na geração de renda para a população, quando impulsiona o setor habitacional;
– Na consolidação de planos de urbanização democráticos e inclusivos, quando financia infraestrutura de saneamento e transporte;
– Na geração de empregos qualificados e bem remunerados, quando no financiamento do setor industrial, sobretudo com o objetivo de promover o desenvolvimento de setores intensivos em tecnologia e inovação e que reduzam a dependência econômica do Brasil em relação aos outros países;
– No combate à fome, quando impulsiona o setor agrícola, mas sem deixar de considerar a redução da desigualdade fundiária e a questão ambiental.
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