Ato segunda-feira (11) na sede da ABI em memória dos 50 anos da morte de Salvador Allende
VÍNCULO 1559 – A Associação Brasileira de Imprensa e a Fundación Salvador Allende vão realizar, na segunda-feira (11), às 16h, na sede da ABI (Rua Araújo Porto Alegre 71), o ato “Allende não se rende”, em memória dos 50 anos da morte do ex-presidente do Chile, Salvador Allende.
O evento foi idealizado pelo produtor cultural chileno Alfredo Saint-Jean Domic. Vão participar Javiera Parra, neta de Violeta Parra, que cantará músicas famosas da avó, como “Gracias a la Vida” (gravada no Brasil por Elis Regina), o cantor e compositor Joe Vasconcelos, o saxofonista Leo Gandelman, o músico Marcelo Costa, a atriz Bete Mendes e a roteirista Isabella Thiago de Mello, nascida no Chile à época de Allende, que lerá poesias de seu pai Thiago de Mello, amigo de Pablo Neruda e do próprio Allende.
Também estarão presentes integrantes do movimento Viva Chile!, formado por brasileiros e brasileiras que se encontravam no Chile quando ocorreu a resistência heroica de Salvador Allende ao golpe militar de 11 de setembro de 1973.
“O presidente socialista rejeitou de forma veemente a proposta dos golpistas de que se retirasse do país com sua família. Ficou no Palácio de La Moneda em meio ao intenso bombardeio, até que, diante da invasão inevitável, pediu à filha, à secretária e aos assessores que se retirassem. Minutos depois, ouviu-se o grito ‘Allende não se rende!’ O médico que acompanhava o presidente voltou ao gabinete e viu os últimos espasmos do seu corpo”, destacam os organizadores do ato.
No dia 11 de setembro de 1973, após receber a informação do levante dos oficiais da Marinha em Valparaíso, cidade portuária do Chile, o então presidente Salvador Allende se dirigiu para o Palácio La Moneda, sede do governo, em uma tentativa de resistir ao golpe. Às 7h40, o presidente Allende entra no Palacio de La Moneda. Às 11h55 se inicia o bombardeio liderado pelos militares. Allende rechaça a oferta de exílio e combate junto à sua guarda e colaboradores e faz seu último discurso pela rádio Magallanes às 10h10, terminando assim sua fala: “Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a deslealdade, a covardia e a traição”.
Ex-exilados – Cerca de cem brasileiros ex-exilados no Chile já confirmaram que estarão em Santiago, no dia 11, quando o golpe militar que derrubou o regime democrático constitucional de Salvador Allende completa 50 anos.
A caravana visitará lugares emblemáticos do golpe, além do Museo de la Memoria y los Derechos Humanos. Aliás, o Museo vai abrigar uma exposição organizada pela embaixada brasileira no Chile, do mestre Evandro Teixeira, 87 anos, que cobriu o golpe como enviado do Jornal do Brasil. É dele a única foto do corpo do poeta Pablo Neruda (1904/1973).
Exposição no CCBB – O Centro Cultural Banco do Brasil inaugurou em 30 de agosto a exposição “Evandro Teixeira, Chile, 1973”, com cerca de 160 fotografias de um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro, o baiano radicado no Rio de Janeiro, Evandro Teixeira, que fez toda a sua carreira na imprensa carioca, onde atuou por quase seis décadas.
Evandro participou da cobertura do golpe militar no Chile em 1973. No país andino, produziu imagens impactantes do Palácio De La Moneda bombardeado pelos militares, dos prisioneiros políticos no Estádio Nacional em Santiago e do enterro do poeta Pablo Neruda. As fotografias tiradas durante esse capítulo traumático da história chilena são o destaque da exposição no CCBB. A mostra, realizada pelo Instituto Moreira Salles, já foi apresentada no IMS Paulista.
A exposição reúne cerca de 160 fotografias em preto e branco, livros, fac-símiles e outros objetos, como máquinas fotográficas e crachás de imprensa. Além dos registros feitos no Chile, a exposição traz imagens produzidas por Evandro durante a ditadura civil-militar brasileira, em um diálogo entre os contextos históricos dos dois países.
No espaço também são apresentados trechos de filmes que documentam o período, como “Setembro Chileno”, de Bruno Moet, e “Brasil, relato de uma tortura”, de Haskell Wexler e Saul Landau.
O CCBB Rio de Janeiro fica na Rua Primeiro de Março 66, Centro, e funciona de quarta a segunda, das 9h às 20h, e fecha às terças-feiras. A entrada é franca.