Representantes da CUT e da Contraf-CUT se reuniram com representantes do Ministério da Mulher, na segunda-feira (17), em Brasília, para discutir pautas de equidade de gênero, igualdade de oportunidade e combate à violência contra a mulher.
“Nós temos histórico de luta nas pautas relativas à diversidade e à igualdade de gênero. Ao longo de décadas, conquistamos direitos para a categoria, como a licença-paternidade de 20 dias, a inclusão dos temas de igualdade de oportunidade, combate ao assédio moral e assédio sexual nas mesas de negociação com os bancos, além da criação de programas de prevenção à prática de violência doméstica e familiar dentro das empresas”, informou a presidente da Contraf-CUT e vice-presidente da CUT Nacional, Juvandia Moreira, na reunião.
Ela ressaltou ainda a importância do Censo da Diversidade, realizado pela categoria desde 2008, que comprova a realidade de discriminação salarial por raça e gênero enfrentada pelas mulheres no setor financeiro: “Outro estudo que encomendamos ao Dieese, divulgado em março deste ano, mostra que no mercado de trabalho as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens. Na categoria bancária, a desigualdade é um pouco mais profunda: a remuneração das mulheres é 22,2% menor que a média dos colegas homens. Além disso, verificamos que a remuneração da mulher negra bancária é, em média, 40,6% inferior à remuneração do homem bancário branco”, destacou Juvandia.
“Essas experiências compartilhadas são muito importantes para que possamos dar subsídios ao debate junto aos empregadores de como se dá na prática a igualdade entre homens e mulheres, seja no campo salarial, seja no campo do respeito e direitos iguais”, acrescentou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Juneia Batista, sobre a importância do encontro entre as entidades do movimento sindical e o governo.
Também foi ressaltada a mobilização do movimento bancário pela implementação da lei de igualdade salarial, de iniciativa do governo federal, recentemente sancionada pelo presidente Lula, após aprovação no Congresso Nacional. “Historicamente, os sindicatos sempre tiveram um importante papel fiscalizador em relação ao cumprimento das leis trabalhistas, e não será diferente em relação a esta lei, que garante o pagamento de salários iguais para homens e mulheres que exercem a mesma função”, destacou a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes.
Presente no encontro, a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, reforçou a importância de o Brasil ratificar a Convenção 190 (C190), que reconhece o direito de todas as pessoas a um mundo de trabalho livre de violência e de assédio, e sua posterior implementação por meio da efetivação de políticas públicas.
“Sugerimos uma campanha ampla para o combate à misoginia, pela promoção de estratégias para a emancipação das mulheres e para o combate à violência de gênero, incluindo nestas discussões o Congresso Nacional. Também reforçamos a importância da criação de mecanismos que permitam que mais mulheres ocupem espaços na política e na sociedade, buscando com isso que todas tenham condições de se manter financeiramente e de trilhar carreiras profissionais da mesma forma que os homens”, relatou Neiva Ribeiro.
Violência doméstica – No encontro, as bancárias apresentaram ao Ministério da Mulher os resultados do projeto “Basta! Não irão nos calar”, de assessoria jurídica para mulheres em situação de violência doméstica e familiar, que nasceu em 2019, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e que hoje é realizado por 12 sindicatos, espalhados nas cinco macrorregiões do país.
“Até março de 2023, os canais do Basta! haviam atendido 360 pessoas, sendo 358 mulheres e dois homens parentes de mulheres em situação de violência doméstica ou familiar. Do total de atendimentos, foram geradas 256 ações judiciais, sendo 164 pedidos de medida protetiva de urgência obtidos com a assessoria dos sindicatos às vítimas”, destacou Fernanda Lopes.
Participaram também do encontro a secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério da Mulher, Rosane da Silva, e a secretaria-executiva da pasta, Maria Helena Guarezi.
Fonte: Contraf-CUT