Para Almir Aguiar, da Contraf-CUT, o Banco tem um importante papel para alavancar o empreendedorismo negro
VÍNCULO 1544 – O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou na quinta-feira (23), Dia Mundial da África, a criação de um grupo de trabalho para promover o empoderamento negro. O anúncio ocorreu no dia em que foi realizado, na Casa, um seminário para discutir os impactos positivos da diversidade étnico-racial nos setores financeiro e empresarial brasileiros, com a participação das ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Cultura, Margareth Menezes. O GT proporá medidas em prol da equidade racial.
Mercadante afirmou que o BNDES colocará a questão racial no centro de suas discussões. “Vai passar a fazer parte das nossas decisões a partir deste seminário”, disse.
Uma das medidas previstas para o grupo de trabalho é mapear, analisar e apresentar propostas para adequar a atuação do BNDES à Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância e ao Estatuto da Igualdade Racial.
A iniciativa prevê ainda propor medidas para promover e impulsionar a diversidade, a equidade e a inclusão da população negra no ecossistema do Banco.
Durante o seu discurso, Mercadante prestou homenagem a Vinicius Júnior, jogador de futebol do Real Madrid, que voltou a ser alvo de manifestações racistas no último domingo (21) na Espanha.
O presidente do BNDES ainda pediu desculpas pelo que chamou de “silêncio histórico” do Banco em relação a questões de equidade racial.
“Depois de muitos anos, o BNDES volta a abrir suas portas para discutir racismo e empoderamento negro na transformação da economia, tema fundamental, e o Banco tem um importante papel para alavancar o empreendedorismo negro”, comentou o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.
Almir citou, como iniciativa importante do BNDES para a comunidade negra, o investimento de R$17 milhões e a captação de mais R$10 milhões junto à iniciativa privada para a construção do Museu e do Distrito Cultural do Cais do Valongo, com inauguração prevista para 2026 na região carioca conhecida como “Pequena África”.
“Por mais de 40 anos, o Cais do Valongo, que foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Histórico em 2017, recebeu mais de um milhão de escravizados, e por isso nos leva a refletir sobre grandes barbáries cometidas contra a humanidade”, explica Almir. Para o dirigente, “o Museu será muito importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil, como um marco para fortalecer a luta contra os crimes cometidos contra negros e contra o racismo, que precisam acabar. Basta de racismo”, destacou.