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Os 40 anos da Campanha das Diretas


Movimento marcou a volta da politização da sociedade brasileira, reprimida durante os governos militares. Benedenses fizeram parte dessa história

VÍNCULO 1589 – Há 40 anos, entre os últimos meses de 1983 e abril de 1984, o Brasil viveu um dos mais importantes movimentos cívicos de sua história: a campanha das “Diretas Já”. Grandes manifestações populares aconteceram em todo o país, reivindicando o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República, que haviam sido substituídas por um pleito indireto no Congresso Nacional durante o regime militar.

Já contando com a brava movimentação do senador Teotônio Vilela em favor da redemocratização do país, a campanha das diretas tomou força e ganhou um objetivo concreto quando o deputado federal Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso, começou a recolher assinaturas no Congresso para a apresentação de uma proposta de Emenda Constitucional restabelecendo as eleições diretas. A proposta de emenda, que passou a ser conhecida pelo nome do deputado (morto em 2006), vingou e teve sua votação marcada para 25 de abril de 1984.

A partir daí, a campanha ganhou as ruas, arregimentando um número crescente de partidários em todo o país, nos mais diversos setores da sociedade. Reuniram-se lideranças políticas, sindicais, eclesiásticas e estudantis. Vários artistas, jogadores de futebol e jornalistas aderiram ao movimento, fazendo-o ganhar cada vez mais simpatizantes entre as camadas populares.

Comício da Candelária – Das manifestações que marcaram aquele período, uma das mais emblemáticas foi, sem dúvida, o Comício da Candelária, no Rio de Janeiro, no dia 10 de abril de 1984, que reuniu cerca de um milhão de pessoas ao longo da Avenida Presidente Vargas e nas ruas transversais (segundo estimativa dos organizadores). Como noticiou o VÍNCULO na época (veja abaixo), a manifestação teve início pouco depois das 16 horas, animada por Abelardo “Chacrinha” Barbosa, Osmar Santos, Lucélia Santos e Christiane Torloni. Até dez horas da noite, discursaram diversos representantes de entidades da sociedade civil, parlamentares, os governadores José Richa (Paraná), Franco Montoro (São Paulo), Tancredo Neves (Minas Gerais), Gerson Camata (Espírito Santo) e Leonel Brizola (Rio de Janeiro), além dos presidentes dos partidos de oposição – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Doutel de Andrade (PDT), Ricardo Ribeiro (PTB) e Ulysses Guimarães (PMDB).

Mereceram destaque as presenças do jurista Sobral Pinto e do deputado federal Dante de Oliveira, autor da emenda, que, se aprovada, devolveria ao povo brasileiro o direito de voto para presidente da República. Fafá de Belém também emocionou a multidão ao cantar “Menestrel das Alagoas”, com a gravação da voz do senador Teotônio Vilela (morto poucos meses antes) ao fundo. A participação artística ficou a cargo de Milton Nascimento, Wagner Tiso, Sérgio Ricardo, Chico Buarque, Wando, Beth Carvalho e Emilinha Borba, entre outros.

Dias depois, manifestações foram organizadas com sucesso em Goiânia e Porto Alegre, culminando com novo comício de grandes proporções em São Paulo, fechando a série de atos públicos antes da votação da Emenda Dante de Oliveira. Mas nada se comparou ao Comício da Candelária. “Ali se evidenciara, sobretudo, um salto dos brasileiros em direção à maturidade política. Com a cúpula do governo em viagem pelo exterior, a milhares de quilômetros da Candelária, uma multidão colossal saíra às ruas para manifestar sua opinião – e, ao cabo de 6 horas, nenhuma vidraça fora quebrada, nenhum tumulto ocorrera, nenhum incidente merecera movimentações policiais de vulto. Justamente por ter amadurecido nestes vinte anos, o país se acha pronto para escolher seu presidente”, escrevia a revista Veja à época.

Apesar do anseio explícito da esmagadora maioria da população brasileira, a emenda Dante de Oliveira, que precisava de 2/3 dos votos dos parlamentares para ser aprovada, acabou sendo rejeitada. Eram necessários 320 votos para aprovar a emenda. Ao fim da votação, houve 298 deputados a favor, 65 contra a proposta, três abstenções e 113 ausências.  De qualquer modo, a campanha marcou a volta da politização da sociedade brasileira, reprimida durante os governos militares, bem como deu início ao movimento que veio a culminar com a eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência, em 1985. 

A bandeira da AFBNDES no Comício das Diretas

Centenas de funcionários do BNDES participaram do comício-monstro pelas ‘Diretas, Já’, realizado no último dia 10, que reuniu mais de um milhão de pessoas na Candelária e parou o centro do Rio de Janeiro. Para marcar sua presença, os benedenses afixaram uma enorme faixa da AFBNDE na Avenida Presidente Vargas. Diversas outras entidades representativas de funcionários de empresas públicas foram também à praça pública, clamar por eleições diretas na maior manifestação política da história da cidade”.

Assim o VÍNCULO nº 146, de abril de 1984, noticiava a participação benedense num movimento que não era “contra ninguém”, mas “a favor do povo brasileiro” – nas palavras do célebre advogado Sobral Pinto, que arrancaria aplausos generalizados e algumas lágrimas da plateia ao repetir o Artigo 1º da Constituição brasileira: “Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido”. Dias antes, em 21 de março, a Associação tinha engrossado o coro por eleições diretas para presidente da República em passeata que percorreu a Avenida Rio Branco reunindo mais de 150 mil pessoas.

Na época, a AFBNDE – ainda sem o “S” de social que viria a ganhar posteriormente – era presidida por Sandra Neiva (mais tarde Sandra de Souza) e tinha como diretores Paulo Antônio de Castro, Fernandes Alves Pacheco, Fernando Gonçalves Raro, Armando José Leal, Fernando Castelo Chagas e Paulo Sérgio Altomar.

Estatais e CUT – Era um período de grande participação política da Associação e de seus associados em diversos movimentos, entre eles a criação da “Câmara das Estatais”, que tinha como objetivo articular a luta “em defesa das empresas estatais e da soberania nacional”, e o 1º Congresso da Central Única dos Trabalhadores – CUT. Em agosto de 1984, uma assembleia da AF aprovara a participação da entidade neste evento histórico, realizado em São Bernardo do Campo com a presença de mais de cinco mil delegados de todo o país, entre eles seis funcionários do Banco: a própria Sandra (presidente da Associação), Fernando Castelo, Joel de Farias, Raimundo Antônio da Silva, José Célio Leite e Sergio de Paula.

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