Luiz Ferreira Xavier Borges – Presidente da UnidasPrev; diretor da APA
Vínculo 1363 – O jornal Valor Econômico da última segunda-feira (16) traz como matéria de capa um tema importante para nós, participantes do Plano de Assistência e Saúde (PAS) do BNDES, gerido pela FAPES. A meu ver, os pontos principais são:
1. Para enfrentar os custos desenfreados da conta dos planos de saúde – oriundos do aumento exponencial de novas tecnologias em exames e de internação –, as empresas que concedem esse benefício aos seus empregados tiveram que tomar decisões difíceis: trocar de operadora, reduzir a rede credenciada ou aumentar a coparticipação dos beneficiados.
Essa realidade já havia sido observada pela FAPES, pelo BNDES e pelos órgãos de controle das estatais há, pelo menos, cinco anos, gerando reações diversas (como as normas da CGPAR, que tentam soluções de controle de gastos pela redução de benefícios para empregados e dependentes). Os participantes e suas Associações demandaram ser parte nessa discussão desde a criação das mesas de negociação, há cerca de três anos.
No nosso caso, a decisão das AFs e da APA é pela manutenção da nossa autogestora (FAPES), com quem temos diálogo, em lugar de migrarmos para um plano “de mercado”, no qual ficaríamos a reboque dos reajustes definidos pelo mercado. Naturalmente, a pressão dos representantes dos empregados é no sentido da redução de custos para evitar o aumento da coparticipação, enquanto o patrocinador BNDES quer soluções que, além da redução de custeio, evitem a escalada dos custos das novas tecnologias, que tiveram um aumento médio de 17% neste último ano. Em alguns planos de mercado o reajuste foi de 26%, em função de suas especificidades, como a idade média dos beneficiários.
2. Diante desse cenário, empresas como Ambev, Hospital Oswaldo Cruz, GE, McDonald’s, Pirelli e Santander passaram a gerenciar diretamente a saúde de seus funcionários e dependentes, gastando, hoje, menos que há cinco anos. A Ambev, que tem 75 mil empregados e dependentes, gastou R$ 350 milhões em 2014 e hoje paga R$ 260 milhões.
As últimas gestões da FAPES buscaram soluções semelhantes, reduzindo a estrutura administrativa e de custeio, pressionadas tanto pelo BNDES como pelos seus empregados ativos. Campanhas para eleição de membros do Conselho Deliberativo falavam em inchaço da máquina (como provam as atas de reuniões do CD).
3. “Essas companhias têm em comum algumas práticas: investem em atendimento primário” (como já recomendava há anos o departamento do BNDES que estudava saúde, na esteira dos organismos internacionais), “têm ambulatórios próprios, fazem gestão de dados da saúde dos funcionários, criam convênios médicos com uma rede credenciada modelada conforme as necessidades dos empregados” (90% dos benedenses estão centralizados nas capitais, onde estão a sede e as representações do Banco, mas fora daí é preciso terceirizar) “e arcam com procedimento médicos de alto custo não cobertos pelos planos” de mercado.
Todas essas práticas são adotadas pela nossa autogestora FAPES há anos e representam a razão de seu sucesso em manter-se competitiva com seus congêneres de mercado e atingir um grau de satisfação absoluto entre seus usuários, como indicam pesquisas, apesar das recentes queixas, que serão comentadas mais adiante.
O uso de inteligência de dados adotada pela FAPES fez cair o custo com exames em internações, em alguns casos pela metade. Naturalmente, um processo dessa natureza envolve aumento da tecnologia, repasse de custos aos conveniados e alteração do perfil dos atendentes, sem falar em maior governança. Isso em um universo de usuários exigentes e, corretamente, acostumados a apontar erros e pressionar por soluções.
4. “O Santander, com 100 mil usuários, reduziu seus gastos promovendo alimentação saudável, incentivo ao esporte, vacinação gratuita e a criação de uma unidade hospitalar dentro da sede. A Pirelli também adotou ações para manter a saúde dos funcionários em vez de tratar a doença (…)”.
O esforço da FAPES tem sido o de privilegiar a prevenção em vez da doença, incentivando o uso do sistema de médicos de família e do fortalecimento de uma rede de escolha dirigida (que representa a maioria absoluta dos atendimentos), sem abrir mão da livre escolha, que é uma conquista dos benedenses.
Diante disso, gostaria de parabenizar os colegas que vocalizaram suas queixas em nossas redes sociais, pois só assim manteremos nossa participação no processo. Como foi solicitado, todas as manifestações foram repassadas à FAPES, que decidiu fazer duas apresentações presenciais em seu auditório nesta quinta e sexta-feira (19 e 20 de setembro).
Creio que será muito importante o comparecimento maciço de todos nós para esses dois eventos, pois só assim mostraremos a força com que queremos um plano de saúde que nos cubra e a nossos familiares.