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Carta à Veja, por Luciano Coutinho

A matéria “Capital de risco”, publicada na edição de 27 de junho e reproduzida pelo site da editora, está cheia de distorções. Embora citado com destaque, não fui procurado pela revista, que, por omissão, não cumpriu o princípio básico e democrático de ouvir os diferentes lados.

A matéria alega favorecimento e “viés político” ao afirmar que o BNDES “foi usado para bancar apostas malsucedidas em ‘campeãs nacionais’ durante gestões petistas”. Menciona ainda que teria havido “apostas erráticas observadas em ciclos anteriores” e “risco de a escolha dos projetos não se dar por critérios técnicos”. Esse discurso ideológico sem fundamento ignora a robusta governança decisória do BNDES, onde não há lugar para interferência pessoal ou política na aprovação de financiamentos ou de participações acionárias. Como é amplamente reconhecido pelo setor privado, as decisões no BNDES são técnicas e colegiadas, resultam de criteriosa análise de risco, envolvem diversas áreas, prezam o debate de opiniões e asseguram integridade às deliberações.

Se quisesse avaliação isenta e justa sobre os investimentos da BNDESPAR poderia ter facilmente recorrido ao Livro Verde, publicação disponível no site do Banco, feita após minha gestão, por orientação do presidente Paulo Rabelo de Castro.

A matéria deturpa os fatos ao asseverar que a maioria das operações em renda variável “se revelou um grande fracasso”. E pinça três casos exemplificativos, induzindo o leitor à desinformação. Ao contrário, no período de 2007 a 2015, os investimentos da BNDESPAR exibiram retornos superiores ao Ibovespa e contribuíram com R$23,8 bilhões (a preços nominais) para os lucros do BNDES. Vale sublinhar que embora a carteira de renda variável representasse 1/5 do ativo total do Banco, contribuiu em média com 40% dos seus resultados.

Quanto às operações mencionadas na matéria, cumpre esclarecer. No caso da Oi, o BNDES recuperou todo o crédito para aquisição da Brasil Telecom. A participação no aumento de capital se deu em transação de mercado, acompanhada por aportes dos investidores privados. A constituição da Fibria foi inegável sucesso e, mais importante, a matéria omitiu que esta operação evitou a débacle das empresas predecessoras, vítimas de derivativos cambiais em 2008-09 com a eclosão da grande crise financeira global. Circunstância esta, aliás, que tornou imperativa a atuação da BNDESPAR para evitar a destruição de vários outros empreendimentos importantes para o país.

Curiosamente a matéria esquece mais de uma dezena de casos de sucesso de internacionalização de empresas brasileiras, que contribuíram para ampliar a competividade do país nos mercados interno e internacional. Recorde-se que o apoio a esse processo foi baseado em capital próprio da BNDESPAR, sempre aplicado a custos de mercado e nunca por empréstimos junto ao Tesouro Nacional.

Tivesse a matéria o compromisso com a imparcialidade, mostraria que, entre 2007 e 2014, o número de MPEs apoiadas pelo BNDES saltou 530%. Nesse período, o Cartão BNDES desembolsou cerca de 10 bilhões de reais por ano, em valores não corrigidos, para empréstimos médios de 14 mil reais, efetivamente voltados a pequenas empresas. Tais dados desmontam a maliciosa tese da matéria de “foco do BNDES em financiar grandes corporações, enquanto os pequenos e médios negócios costumavam ser negligenciados”.

Reitero o rigor e impessoalidade das decisões em minha gestão frente ao Banco, pautada pelo interesse público e respeito à lei. Foram introduzidas práticas de compliance e promovidos acordos de cooperação anticorrupção com entidades nacionais e internacionais, levando a instituição a se tornar o banco mais transparente do mundo, mercê dos avanços continuados por meus sucessores.

Com o objetivo de dar ao leitor a oportunidade de conhecer a verdade dos fatos, solicito a VSa a publicação desta carta. Atenciosamente,

► Link para a matéria de Veja: https://veja.abril.com.br/economia/bndes-vai-investir-r-10-bi-para-voltar-a-atuar-como-socio-de-empresas-privadas-pode-funcionar/

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► As opiniões emitidas nos artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da AFBNDES ou do BNDES.

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