
VÍNCULO 1672 – No último domingo (7), milhares de mulheres tomaram as ruas de várias cidades do país em mobilizações convocadas para denunciar a escalada do feminicídio. Convocados por coletivos feministas, movimentos sociais e sindicatos, os atos ocorreram na maior parte das capitais e no Distrito Federal para exigir justiça e segurança, além de reafirmar que a sociedade não pode tolerar a impunidade.
Com o lema “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas”, as manifestações reuniram mulheres, homens e crianças em ao menos 20 estados, de acordo com o movimento Levante Mulheres Vivas. Em São Paulo, o protesto no Masp concentrou cerca de 9,2 mil pessoas, segundo levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a USP. No Rio de Janeiro, centenas se encontraram ao meio-dia no Posto 5, em Copacabana.
Outras capitais registraram mobilizações expressivas. Em Brasília, dezenas de grupos independentes ocuparam a Feira da Torre de TV pela manhã. Em Belo Horizonte, o ato teve início às 11h na Praça Raul Soares. Houve manifestações também em Curitiba, Campo Grande, Manaus, São Luís, Teresina, Florianópolis, João Pessoa, Recife, Campinas e Vitória, entre outras cidades.
A força da mobilização nacional reflete uma sucessão de feminicídios que chocou o país nas últimas semanas. E os números têm crescido de forma absurda.
Cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras viveram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.
Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios. Em média, cerca de quatro mulheres foram assassinadas por dia em 2024 em razão do gênero, em contextos de violência doméstica, familiar ou por menosprezo e discriminação relacionados à condição do sexo feminino.
Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios e quase 3 mil atendimentos diários pelo Ligue 180, segundo o Ministério das Mulheres.
O Mapa Nacional da Violência de Gênero estima que 3,7 milhões de mulheres sofreram um ou mais episódios de violência doméstica nos últimos 12 meses. O canal Ligue 180 realiza quase 3 mil atendimentos diários. No Distrito Federal, somente em 2025, foram registrados 26 feminicídios.
Organizadoras e especialistas presentes nos atos reforçaram a importância do acesso às medidas protetivas. Elas lembraram que o pedido pode ser feito na Polícia Civil, presencialmente ou pela Delegacia Eletrônica, e deve ser analisado pelo Judiciário em até 48 horas. O descumprimento da medida é crime, com detenção prevista em lei.
Com forte participação social, o movimento feminista colocou novamente no centro do debate público a urgência de políticas de proteção, prevenção e responsabilização. As mobilizações deste domingo reforçam que não haverá paz no país enquanto o feminicídio seguir vitimando mulheres todos os dias.
A Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou que o endurecimento das leis, o fortalecimento do Ligue 180 e a inclusão de conteúdos sobre prevenção em escolas e universidades compõem a estratégia nacional para reduzir feminicídios e agressões contra a mulher.
“Não podemos, jamais, naturalizar essa situação, como parte da sociedade acaba fazendo ao longo dos anos. É inacreditável essa cultura, quase que incorporando a violência como um ato normal de uma relação, pelo machismo, pela misoginia, por tudo aquilo que a gente tem historicamente na sociedade.”
Fontes: Agência Brasil / CUT / CUT
