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A proposta de “sindicato dos bancos”e o relacionamento com a FAPES

VÍNCULO 1391 – Uma importante notícia para os que se preocupam com a preservação da estrutura de governança do Banco e a qualidade da intervenção do BNDES como instrumento contracíclico na crise atual foi publicada no último domingo (3) na coluna do jornalista Lauro Jardim, no Globo.

Segundo o colunista, o atual presidente do Conselho de Administração do BNDES é o idealizador da proposta de socorro a grandes empresas dos setores automobilístico, aéreo, varejista e de energia via “sindicato dos bancos”, sem a participação do corpo técnico da instituição.

Tal notícia é preocupante por várias razões. Em primeiro lugar, porque depois de décadas, na gestão Bolsonaro-Guedes passamos a lidar com diretoria do BNDES sem a participação de qualquer empregado de carreira. Particularmente, a atual diretoria de Montezano tem se mostrado distante da burocracia do BNDES.

Que uma proposta esteja sendo elaborada pela diretoria à revelia da Casa ou imposta à Casa – tanto faz –, ela é consistente com o histórico de arrogância, desconhecimento dos instrumentos e história do Banco. Na verdade, já tivemos mesmo várias demonstrações de truculência da atual diretoria. Seja no afastamento de superintendentes, seja na demissão do colega Gustavo Soares – diga-se, de passagem, obra pessoal de Montezano. Tal comportamento é tipicamente observado em dirigentes inseguros, e não há dúvida que esse é o caso do atual presidente do BNDES.

Que falta rumo ao BNDES na resposta à crise, não há dúvida também. Se nós, que estamos embaixo, percebemos isso, Marcelo Sefarty, ex-sócio do ídolo de Montezano, Paulo Guedes, percebe muito mais e notou que havia espaço para se meter na tomada de decisões do Banco. Como se diz, o poder é incompatível com o vácuo.

Infelizmente, tal notícia é também consistente com a postura passiva que predomina entre os superintendentes do Banco. Tivemos demonstrações individuais de coragem nos últimos anos, mas é evidente que o corpo dos superintendentes não atua; não se vê como dirigente da instituição. Atuam como um agregado de técnicos, cada um estritamente responsável por sua seara. Alguns acham que é exatamente esse o seu papel. Falta o compartilhamento de uma visão mínima do Banco, e falta liderança. Faltava já na gestão de Maria Silvia, e hoje falta muito mais. Se alguém tem dúvida basta se perguntar qual foi a reação dos superintendentes ao fim da TJLP, à condução coercitiva de técnicos da Casa, à PEC da Previdência, à destituição dos colegas Daniela Baccas e Gabriel Visconti – em meio ao show de calúnias sobre técnicos do BNDES e o Fundo Amazônia, proferidas por uma figura que dispensa apresentações: o hoje internacionalmente conhecido inimigo do meio ambiente, Ricardo Salles –, ao afastamento de Luciana Tito por resistir às picaretagens do diretor Laloni e ao afastamento de Selmo Aronovitch para viabilizar a devolução, sem qualquer questionamento, dos aportes do Tesouro. Nem um comunicado, nem mesmo uma declaração protocolar em relação às inúmeras manifestações organizadas pela AFBNDES. Nenhuma declaração pública por qualquer meio.

Ainda vai ser discutido academicamente o que explica que não tenhamos tido casos de corrupção no BNDES. Mesmo sem idealizar nossa estrutura de governança, é evidente que ela cumpriu um papel importante nisso. Preservá-la é tarefa de todos os empregados, especialmente dos seus dirigentes. Aos superintendentes, declaramos: ajam como um corpo. Vocês são a voz dirigente máxima da burocracia do Banco. É isso o que os empregados esperam de vocês e estamos todos dispostos a apoiá-los. Não ajam como técnicos acuados, com receio de perder seus cargos.

Quem dirige o Banco hoje não são representantes neutros de interesses e ideologias. Guedes, Sefarty e Montezano foram do Banco Pactual. São homens do setor bancário privado. Que viés isso traz na tomada de decisão? Se é estúpido desconsiderar suas propostas exclusivamente por conta dessa vinculação estrita de classe, é igualmente equivocado ignorar que a imaginação deles pode ser demasiadamente orientada por essa condição. O BNDES tem expertise em combater crises econômicas. Todos os superintendentes atuais estavam no Banco em 2008. Recorrer à experiência do combate àquela crise financeira é natural e, mais do que isso, mandatório (ver o documento do Center for Global Development, Eight Principles for the DFI Crisis Response). Não estamos conclamando insubordinação, mas precisamos de espírito crítico e coragem.

O relacionamento com a FAPES

Recomendamos muito a leitura da entrevista com Patrícia Neto, Gerente Executiva de Saúde da FAPES, que publicamos nesta edição. Essa entrevista é resultado de um longo processo de aproximação da FAPES com a AFBNDES.

A relação da Associação com a Fundação ainda é sujeita à ação de difusores de fake news. Principalmente entre os aposentados, que estão mais distantes do dia a dia do Banco, as mentiras sobre a relação da AFBNDES com a FAPES acabam tendo mais potencial para gerar confusões.

Já tratamos do assunto em editoriais anteriores. Se a relação hoje é boa, ela não é assim por que não tenham ocorrido situações difíceis. De fato, foi a forma como enfrentamos essas situações que fortaleceu essa relação. Vivemos várias situações difíceis relacionadas à Previdência e ao Plano de Saúde. E os diretores da FAPES com quem interagimos ao longo dos últimos 4 anos mostraram receptividade à aproximação com as Associações de Funcionários. Responderam positivamente na grande maioria das vezes às nossas demandas por transparência e diálogo. Isso impôs um comportamento especial da parte da AFBNDES e das demais Associações. Mantivemos ao longo de todo esse período uma atitude de independência, mas fomos obrigados a responder ao diálogo com argumentos sólidos e transparência correspondente.

Apoiamos no que foi possível os colegas da FAPES, que foram afetados pela reestruturação lá implementada. Não conhecemos uma demanda que nos foi feita que não tenha sido atendida. Ao mesmo tempo, não poderíamos deixar contaminar as negociações com a diretoria da FAPES – necessárias para o interesse dos empregados do BNDES. Fomos parte decisiva da negociação histórica da Mesa FAPES, que reestruturou nosso Plano de Previdência. Enfrentamos duas crises no PAS: a negociação da FAPES com a Rede D’Or e, mais recentemente, a insatisfação gerada com o atendimento, principalmente em laboratórios. Nas duas situações, a FAPES abriu suas portas e nós, em resposta, organizamos os empregados em reuniões com a diretoria e em plenárias abertas para discutir os temas. Acreditamos que os resultados dos dois processos tenham sido altamente positivos para a FAPES e seus beneficiários.

Em decorrência da plenária motivada por problemas no atendimento, criamos um grupo que conta com membros das diretorias das Associações e outros voluntários. Temos o compromisso de reuniões mensais com a diretoria de saúde da FAPES, foi criado um grupo de WhatsApp que tem ajudado na difusão de informações e esclarecimentos, por um lado, e na cobrança e sugestões sobre a FAPES, por outro.

Como resultado desse esforço político, temos semeado confiança entre as partes. Estamos unidos em defesa da autogestão do PAS. Esta é uma realização importante para a AFBNDES que nos dá muito orgulho, tanto quanto as nossas iniciativas no questionamento e críticas às decisões das últimas diretorias do Banco.

Acreditamos na Política com base em transparência, democracia e princípios. Temos horror à covardia, à irresponsabilidade e à demagogia que tantas vezes dão a ela mau nome.

Associação dos
Funcionários do BNDES

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