VÍNCULO 1370 – Temíamos perseguições e a AFBNDES esteve nos corredores do Banco, logo após a queda do ex-presidente Joaquim Levy, avisando que isso era possível. Podia ser um dos significados da demanda por “abrir a caixa-preta”…
Nos primeiros contatos do presidente Gustavo Montezano com o pessoal da Casa, foi repetidamente assegurado, segundo relatos que tivemos, que tais perseguições não aconteceriam. E realmente não aconteceram, pelo menos até agora.
Outras possibilidades não nos ocorreram na época, mas o desenrolar dos fatos começam a mostrar o que pode estar vindo por aí. A fomentação de um ambiente de intimidação, de medo, parece que começou a ser articulada. A reação ao famoso “vazamento” de informações no BNDES por parte de um empregado foi mais um pretexto, mais uma oportunidade, do que uma medida racional voltada para resolver um problema. O número de pessoas chamadas a depor na sindicância, a demissão sumária que ocorreu no final do processo, nada disso indica um esforço voltado para entender o que aconteceu e propor soluções.
Centenas de empregados tiveram acesso à apresentação. Houve até agora vazamento na imprensa? Não é impressionante?
Está claro desde já que não será possível instaurar um ambiente de medo sem a cumplicidade de alguns executivos do Banco. No primeiro ensaio autoritário da nova diretoria, ficou claro, infelizmente, que ela contará com essa cumplicidade, ou mais que isso, com a coautoria entusiasmada de alguns colegas. Lamentável. Ou melhor, lamentáveis.
Para que serve o ambiente de medo, de intimidação? Uma pergunta como resposta: Como poderá prosperar uma Administração do BNDES quando ela se diz completamente alinhada com uma orientação de Brasília que não esconde seus objetivos destrutivos?
A tendência é que os discursos motivacionais vazios e abertos à Casa se tornarão constrangedores, com apelo cada vez mais restrito, até que acabarão suspensos. Não terão vida longa. Se o poder do consenso se reduzir, a manutenção da relação de poder apresentará tendência para o uso crescente da força.
Como lidamos com isso? Expondo o impulso autoritário, a falta de consistência do programa, a agenda destrutiva mal disfarçada.
Destruir frontalmente o BNDES não tem passagem na opinião pública brasileira. E é nela que devemos nos apoiar. Essa é a agenda de resistência.
Pensar num novo BNDES com orientação realmente desenvolvimentista, para além das imposições da atual agenda “Chicago Oldies” mofada, é agenda positiva que deveria desde já concentrar os esforços dos talentos do Banco.
Os funcionários organizados do BNDES hão de fazer tudo isso.