
VÍNCULO 1616 – O Observatório do Clima, coalizão de organizações da sociedade civil brasileira criada para discutir o tema das mudanças climáticas, repercutiu, na quarta-feira (16), o relatório anual World Energy Outlook, que mostra que o crescimento das [fontes] renováveis segue insuficiente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelo setor energético. “Com as políticas atuais, o mundo caminha para um aquecimento de 2,4ºC acima dos níveis pré-industriais”, afirmou o levantamento da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Segundo a IEA, o mundo entrará em “um novo contexto energético” a partir de 2025. Os novos projetos de gás natural (sobretudo do Catar) e de petróleo (do Brasil, Canadá, Estados Unidos e Guiana, chamados de “o quarteto americano”) conduzirão a um crescimento significativo na oferta, enquanto o crescimento na demanda por energia de fontes fósseis se encerrará antes de 2030. Isso pode levar, inclusive, a desafios econômicos – como ativos encalhados – para os países que insistirem na expansão de novos projetos fósseis.
“As descobertas do relatório deste ano confirmam as do ano passado. Peguemos o petróleo como exemplo: a demanda vai atingir seu pico antes de 2030. Ainda usaremos petróleo por muitos anos – não significa que a demanda cessará imediatamente, a depender das políticas adotadas –, mas veremos o ponto máximo desse crescimento. Há muitas razões econômicas e tecnológicas para isso, e uma delas é o que está acontecendo no setor de transportes. Estamos vendo como os carros elétricos estão ganhando espaço nos mercados de carros significativamente”, afirmou Fatih Birol, diretor-executivo da IEA.
“O ritmo da transição energética de fontes fósseis para renováveis, no entanto, ainda está desalinhado com a meta de zerar emissões até 2050, o que é indispensável para que o planeta tenha uma chance de estabilizar o aquecimento em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris. Seguidas as políticas atuais, o pico de emissões deve ser atingido até o final desta década, em 2030. Apesar de essa ser uma boa notícia, ela é insuficiente: como já mostrou a ciência, as emissões não precisam apenas parar de subir, mas sim cair 43% até 2030, no caminho para as emissões líquidas zero em 2050”, destaca o relatório
A IEA chama atenção, ainda, para a relação simbiótica entre a crise do clima e a insegurança energética: um setor de energia que não consegue superar a dependência dos fósseis se torna cada vez mais instável, já que os eventos climáticos extremos, mais frequentes e intensos em um planeta mais quente, colocam em xeque a operação segura e confiável dos sistemas. Ondas de calor, secas, inundações e tempestades, por exemplo, já são considerados desafios profundos para o funcionamento dos sistemas energéticos em várias partes do mundo.
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