VÍNCULO 1622 – A isenção do pagamento de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, proposta pelo governo na semana passada, tem o poder de injetar na economia brasileira R$ 35 bilhões, segundo a diretora-técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adriana Marcolino.
De acordo com levantamento do Dieese, a proposta de alteração no imposto de renda é importante do ponto de vista dos trabalhadores e das trabalhadoras, mas também a partir do enfoque macroeconômico para segmentos da população com alta propensão ao consumo, o que deve aquecer a economia, gerar emprego e renda, além de mais arrecadação para o governo.
“Atualmente, quem ganha R$ 5 mil paga R$ 335,15/mês de imposto de renda, portanto, a isenção para esse segmento da população garantiria a ela anualmente R$ 4.467,55 adicionais, ou seja, praticamente um salário a mais por ano”, sustenta o Departamento Intersindical.
Por outro lado, a cobrança compensatória na renda de quem recebe a partir de R$ 50 mil mensais incidirá sobre um segmento da população com menor propensão ao consumo e, portanto, menor possibilidade de dinamizar o mercado interno.
“Ainda não é possível realizar estimativas para as faixas superiores, pois o texto legislativo com o detalhamento da nova sistemática de cobrança do IR ainda não foi divulgado, mas é possível afirmar que todos que recebem até R$ 7,5 mil serão beneficiados em alguma medida”, diz Adriana.
Mercado financeiro contra isenção – Já foi divulgada uma pesquisa da Genial Quaest sobre a avaliação do mercado financeiro ao pacote apresentado pelo governo Lula para equilibrar as contas públicas. O resultado da pesquisa mostra que 85% dos entrevistados do mercado financeiro dizem que a isenção do imposto de renda traria prejuízos ao país.
Para a diretora-técnica do Dieese o mercado financeiro não está preocupado com o país e sim com seus interesses, pois sabem que terão de pagar a parte deles. Segundo a equipe econômica do governo federal, a isenção beneficiará diretamente 36 milhões de pessoas e apenas 100 mil, com ganhos de R$ 50 mil mensais, passariam a pagar mais.
“Os rentistas sabem que essa isenção terá de ser compensada por quem ganha mais. Por isso eles estão apenas preocupados com suas altas remunerações e seus ganhos com especulação financeira”, reforça a diretora-técnica do Dieese.
Taxar grandes fortunas para promover a justiça tributária é uma das pautas dos atos convocados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para o próximo dia 10 de dezembro, que ocorrerão nas capitais do país.