Manhã luminosa. Ao adentrar o Clube da Barra, afloram as lembranças. Era recém-casado quando ingressou no Banco. Corriam os anos 70, tempos de milagre, tempos do saudoso Marcos Vianna, o presidente que tanto tempo conduziu esta casa. Era uma pequena grande família onde todos se conheciam, quando o Clube foi inaugurado, em noite memorável a que o quadro funcional compareceu em peso, ilha luminosa na noite pouco iluminada de animada festa. Apenas nasciam o Barramares, Riviera del Fiori, Alfabarra e outras máquinas de morar que aos poucos tomariam cada metro quadrado livre na região, pouco a pouco determinando o fim do bucolismo rural predominante, depois transferido para o Recreio, e, hoje, nem mesmo lá encontrado. Virou metrópole.
O Banco ainda era na Rio Branco 53, e a AF na Rua Teófilo Ottoni. Tempos da Barra distante e de difícil acesso, compensado pelas praias limpas e belezas naturais, onde Carrefour e Makro eram grandes atrações. Não havia metrô nem Lagoa-Barra, muito menos Linha Amarela. Telefones raridade, celular e internet nem sonhados, Américas e Sernambetiba estreitas, terrenos vazios, ar puro, pouco movimento, ideal para férias e lazer. Aos domingos, as crianças adoravam ir à piscina e correr pelos espaços vazios do Clube, ainda sem o arvoredo de hoje. Na época, tenras mudinhas em clareira imensa, pontilhada por quadras de esporte, visão panorâmica dos céus da Barra. Tantos fins de semana, peladas, churrascos, seminários que o Banco promovia.
Chegou cedo, a banda ainda ensaiando. Embalado pelos imortais Elvis e Sinatra, olhos semicerrados, um sonho se materializa. Parece ver-se ele mesmo há muito tempo, em outra festa assim, em roupas da época, cercado por outros rapazes e moças ainda jovens. Reconhece um e outro aqui e ali, uns se tornaram grandes expoentes, diretores, superintendentes, outros não tiveram tanta sorte. Para alguns, a vida sorriu, para outros nem tanto. Lamentavelmente alguns partiriam prematuramente. Aos poucos os colegas vêm chegando. Mais uma vez os abraços apertados dos velhos companheiros, de uma época fantástica, eternos e antigos benedenses, “happy few, band of brothers”…. Tantos anos trabalhando juntos. Agora aqui estamos. Um dia pertencemos a uma instituição quase sagrada, sem saber que nos deixaria a marca indelével dos tempos em que aportamos a nossa modesta colaboração, para o funcionamento da Poderosa Máquina Benedense, neste imenso Brasil ajudando esperançosos empreendedores a dar vida a um projeto, gerar mais empregos, mais progresso, maior justiça social para nossa gente tão sofrida.
Décadas se passaram. Colegas se mudaram, alguns partiram, nos deixando a eterna lembrança. Apenas uma fração dos aposentados conseguiu se reunir. Eram jovens funcionários. Hoje jovens aposentados, ainda que o tempo que não perdoa tenha embranquecido raros cabelos e aumentado cinturas com mais alguns quilos, deixando as suas marcas, das quais alguns escapam mais, e outros menos… Colegas como ele, passaram no disputado concurso… Mais alguns anos e já se tornavam benedenses autênticos, trabalhando pelo Brasil. Se lhes dissessem, não acreditariam. Sua existência neste Vale de Lágrimas seria plena de lutas, sofrimentos, alegrias, mas coroada de realizações. E hoje, ali estão aqueles aposentados, tão jovens de espírito como quando entraram, sorrisos, alegrias, recordações… o tempo passou mais de pressa do que gostariam, mas valeu a pena. A festa vai terminando. O contentamento de todos em estar ali… Continuamos unidos pelos mesmos ideais de desenvolvimento do Brasil. No próximo ano, se o Grande Arquiteto do Universo assim o desejar, estaremos juntos mais uma vez, sempre em alegrias, comemorando a Vida e a Eternidade Benedense!
► Imagens do almoço musical dos aposentados estão disponíveis no Facebook da AFBNDES.
……………………………………………………….
► As opiniões emitidas nos artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da AFBNDES ou do BNDES.